domingo, 5 de setembro de 2010

Análise "Em seus Passos que Faria Jesus?" [Parte 1]

Em seus passos que faria Jesus? 
 Charles Monroe Sheldon




Dados Iniciais:
  • Título Original: In His Steps: What Would Jesus Do? ou somente In His Steps.
  • Primeira edição em 1896.
  • Foram vendidos mais de 30 milhões de cópias.
  • Entre os 50 livros mais vendidos na história de todo mundo.
  • Não foi lançado de uma só vez... foi escrito em fascículos.
  • O Autor contribuía  com textos para um jornal local.
Se você tem pavor a spoilers, não é recomendado a leitura desta análise. Mas é claro que este texto não tem por objetivo contar as partes principais do enredo.



Normalmente, eu não sou muito ligado a esses dados, mas no futuro veremos como eles refletiram na história do livro, e
o porque tamanha popularidade.

Snopse:
Livro que narra as profundas mudanças ocorridas quando um pastor desafia sua comunidade a praticar a fé em Jesus Cristo. À medida que aceita o desafio, coisas incríveis acontecem em sua vida e na vida dos que o rodeiam. A pergunta "o que Jesus faria em meu lugar" passa a orientar todas as ações desse grupo, causando uma reviravolta sem precedentes.

Quero comentar as três "áreas" do texto, a parte boa, a parte neutra e a parte ruim, não necessariamente nesta ordem.

Parte 1 - Os aspectos negativos do Livro :-(

Separei aqui os 10 pontos mais negativos do Livro. Pontos que ora me deixavam triste, e ora me fazia querer desistir de ler o livro. Mas mesmo assim li até o final. Ah... claro que houve outras ocorrências negativas, mas elas foram pontuais e menos significantes. Vamos lá:

1.1 Personagens Maquiavélicos
Os personagens são todos maquiavélicos, ou são bonzinhos, ou são malzinhos. Talvez a gente possa por um momento pensar: "Mas isso é verdade, é céu ou inferno, luz ou trevas! Não há meio termos." Ok, isso é verdade. Mas nem toda pessoa que ainda não segue a Jesus é alcoolatra, adúltero, sonegador... É possível conhecer pessoas que são "os certinhos" mesmo não seguindo a Cristo. O que não os tira da condenação do pecado sobre a vida deles, é claro. Só há um caminho Cristo!

1.2 Problemas com a água que o passarinho não bebe!
Foco numa briga entre Evangelho vs Alcoolismo
Não querendo fazer apologia ao alcool, mas o autor é incansável com este assunto. Incansável! Não, sério mesmo, o cara não cansa. O Alcool é o único problema do mundo (na visão do autor). Para o autor se o Alcool acabasse o mundo se tornaria céu (no livro não fala isso, mas dá esta impressão). Agora a independência do homem, o pecado, falta de Deus, não é bem retratado no livro. 

Os grandes vilões são os bares e seus vendedores, ou ainda as pessoas que permitem que seja vendido bebidas alcoolicas. 

Muitas vezes torna a leitura muito chata, toda hora ele fala do Alcool. "As pessoas estao perdidas porque bebem". "O vicio não permite que elas frequentem os cultos"... O autor poderia mudar a pergunta de "O que Jesus Faria?" para "O que Jesus fez?" em relação ao consumo de bebidas alcoolicas. Acho que Jesus transformou água em vinho.  Na biblia do autor deveria estar vinho em água!

(Sabe-se que os americanos tinham/tem esta tradição de proibição do vinho... e assim, todos os países que foram evangelizados por americanos ou colonizados por países islâmicos. Todos eles tem as mesmas tradições de não permitir o consumo de bebidas alcoólicas). 

Só para desamarrar um engano, já vi algumas pessoas que falam que Jesus transformou água em suco de uva. Isto não é verdade. Jesus transformou água em vinho (oinos [grego]) as palavras gregas usadas para vinho pouco fermentado eram gleukos ou tirosh.

Não há relação direta entre deixar o alcoolismo e se tornar discípulo, mas a recíproca é diferente... um discípulo não deve ser alcoolatra. A solução contra o pecado não é abandoná-lo... e sim Cristo. O sangue de Jesus é que nos purifica de todo pecado através do Batismo, não adianta simplesmente deixar de pecar.

1.3 Batismo? O que é Batismo?
Falta de batismo para uma pessoa se achegar a Cristo. No livro não se fala em Batismo. Para ser Cristão precisava frequentar os cultos.

Até mesmo os "cristãos" que eram ricos e frequentavam a Igreja, mas tinham condutas "esquisitas" (mundanas) eram considerados discípulos. Apesar de tecer algumas críticas aos ricos, ninguém na história tenta mudar esta realidade. Só os pobres precisavam de Cristo!

De novo... que tal trocar a pergunta para "O que Jesus fez?".  Jesus foi batizado!!

Isto me lembra um assunto muito legal: A diferença entre Religioso e Discipulo:
http://edificarjuntos.blogspot.com/2010/08/rekigioso-ou-cristao.html

1.4 Vote em mim, Vote em mim!
Envolvimento muito grande com política. (Talvez tenha sido algo bom na realidade do autor, mas na nossa realidade é terrível).
Enfim, para o autor, ter discipulos no Governo era algo bom. Mas venhamos e convenhamos, neh?

1.5 Como se cura do pecado?
Um exemplo... em um episódio é contado a história de uma mulher que era pobre e pecadora, que se emocionou no culto... e no outro dia estava se embriagando.

A escravidão no pecado não é uma coisa que se resolve da noite para  o dia caro Sr Sheldon!
A condenação resolvemos com o batismo;
A escravidão do pecado resolvemos com santificação (depois do batismo); e
A habitação do pecado, resolveremos quando tivermos um corpo incorruptível!

A mulher não foi batizada, não teve nada além do choro... e para o autor ela estava no céu, e depois (no outro dia) bebeu e caiu no "antigo inferno de vergonha e morte". Para o autor foi isso, ela foi do céu ao inferno, comprova mais ainda duas coisas... Uma é que o alcool era o problema da humanidade e que não era necessário se batizar para ser discípulo. 

1.6 Guerras espirituais? Você tá bêbado?
Apesar de citar o Diabo umas duas vezes... o maior inimigo parecia ser sempre outros: políticos corruptos, vendedores dos bares, alcoólatras... ou qualquer coisa que se relacionasse com Alcool.

Engraçado que os vendedores dos bares tinham uma condição diferente dos frequentadores... Os vendedores eram o próprio Diabo, e os frequentadores, tadinho deles, eram as vítimas oprimidas pelos vendedores.

Para mim, vendedores e consumidores, são iguais. Pecadores, necessitados de Cristo!

1.7 Ué o sétimo dia é sábado ou domingo? oO
Um outro foco muito grande... num domingo sagrado, onde quase que era pecado fazer qualquer coisa. Com a leitura do livro, não se sabe quem é melhor, quem apronta a semana toda e guarda o domingo. Ou quem busca a Deus durante a semana, e precisa trabalhar no domingo.

Não me lembro nas escrituras dizendo que Jesus guardava o domingo... mas é assim que eles fazem... "Será que Jesus faria isso em um domingo?" e a resposta era sempre "não"! Eu não vejo nada de ruim em separar um dia para fazer as coisas do Senhor, desde que os outros dias também sejam.

Quem guarda o dia, guarda para o Senhor, então ótimo. Perfeito. Guarda para o Senhor.

O que não pode acontecer é fazer disto uma doutrina.

Aliás, hoje é domingo, eu não poderia estar escrevendo.

1.8 Tá com problemas? Dê uma jornalada neles!
Havia muita dependência de Deus para tomar atitudes (isso era muito bom), mas havia pouca dependência para esperar que Deus resolvesse os problemas. Todos tinham uma confiança num jornal. Isto mesmo num jornal. Depois de ler sobre o livro, é óbvio pra mim entender isto, já que o autor do livro era uma espécie de reporter de um jornal na época (puxando a sardinha para o seu lado, não é Sr. Sheldon?).

O jornal era a solução para o grande problema da humanidade, bebidas alcoolicas. E se acabasse as bebidas alcoolicas, todos seriam salvos. Pena que o autor não era muito globalizado e não sabia que em alguns paízes mulçumanos é proibido o consumo de bebidas alcoolicas e eles precisam de Cristo do mesmo jeito. Mas o que eu quero ressaltar é que eles não dependiam de Deus para resolver os problemas, mas confiavam só em suas forças, principalmente no Jornal.

1.9 E viveram felizes para sempre. Até que acontecesse o inesperado...
Nos capítulos 20/21 parece que a história chegava ao fim, mas a impressão que dá é que: ao lançar os últimos capítulos, viram que os fascículos estavam fazendo sucesso, e parece que começaram uma nova história, para prolongar o sucesso.

Para quem assiste o filme "Austrália" isto é notório. Quando parece que o filme termina... de repente continua, assim mesmo, você espera por um bonito "The End" e... o enredo continua. Com uma história meio desconexa, personagens novos, lugares novos, problemas novos.

A prova disso é que no começo do livro todos os personagens principais são apresentados. E a partir dos Capítulos 20/21 estes personagens quase que não aparecem, e quando aparecem são em citações dos novos personagens ou como coadjuvantes. Bem, não ficou legal.

1.10 Penso, logo existo! Sou pobre, logo alcoólatra!
Uma associação da perdição com as pessoas pobres. Isso fica implícito o tempo todo no livro (apesar das sérias críticas do autor aos ricos), o autor mostra todos os personagens importantes do livro como ricos (todos personagens "bonzinhos") e que depois até abaixaram o nível social e negaram a riqueza.
Mas a associação de que todo pobre é alcoolatra e que o pecado está nos bairros pobres, me incomodou um pouco. Há um exemplo claro sobre isto no capítulo 11, no qual as amigas ricas de Virginia "nunca haviam testemunhado o pecado e a miséria de Raymond".

Este capítulo mostra um trecho no qual amigas, que pelas atitudes não podemos considerá-las discípulas, vão até um bairro pobre da cidade, e só aí elas testemunharam o pecado e a miséria. Ou seja, na vida delas, elas nunca viram o pecado... só viram quando chegaram no bairro pobre. Ah... e diga-se de passagem, o que elas viram foram bares e casas pobres, que foi traduzido por pecado e miséria.

No livro não há sequer um exemplo de pessoa pobre que servia ao Senhor dignamente. Há os que negaram a riqueza para isto, mas nunca pobres de marré de si.


Frases retirada do livro que confirmam alguns pontos: 

"Os bares a mataram! Ou melhor, foram os cristãos deste país que autorizaram a venda de bebidas" 


"...salvar alguns do vicio do Jogo"


"A causa de quase toda a miséria humana que eles procuravam minimizar não continuaria intocável enquanto os bares seguissem com suas atividades mortais"


"Mas, ao passar por um bar após o outro, observando tanta gente entrando e saindo deles, vendo os antros de miséria humana em quantidade que não parecia diminuir, junto com a brutalidade, a pobreza e a degradação de um número incalculável de homens e mulheres..."


"É preciso ter um jornal cristão em Raymond, ainda mais agora que temos de combater a influência do álcool"


"Se o Senhor fosse editor de um jornal... ...todo esse material para leitura, bem no dia da semana que deveria ser dedicado a algo superior, mais sagrado?"




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